sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Braço a torcer

Daniel Melim - ABC Paulista, SP
A melhor frase veio quando não passava nada pela sua cabeça. Disse sem motivo algum, sem esboçar nenhuma emoção. Quando fechou a boca escutou um elogio na mesma sequência. Não quis falar mais nada. Apenas se calou. Ficou ali no seu canto fumando um cigarro. O mesmo elogio deu as cartas novamente, só que agora veio com mais ênfase e um gesto pra afirmar o seu brilhantismo. Continuou quieto, sem mover uma palha, ali no seu canto dando uma tragada no cigarro. O silêncio chegou sem pedir licença. Dava até pra escutar o som das moscas no ar. Mas do elogio surgiu uma queixa de que ele não sabia retribuir o que ganhara. E nesse momento o pai fez questão de mostrar que era o seu PAI e ponto final. Do tipo: pegue o elogio, e não discuta. Mas o filho não disse aquela frase com intenção de ganhar nada, apenas respondeu o que lhe foi perguntado, somente isso, não imaginava que pudesse vir um elogio, mas ele veio, e é por isso que preferiu continuar do mesmo jeito de quando o seu pai o chamou pra conversar.

Nenhum comentário: