quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Braxília

Trechos da entrevista do cineasta Sérgio Moriconi para o Correio Brasiliense desse último domingo.
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Com o fechamento do Cine Academia, o circuito de arte em Brasília acabou. Já houve outro momento como esse na história da cidade?

Nunca vi um período assim. Hoje só tem blockbuster na programação do jornal. Antes do Cine Academia, o Cine Brasília trazia muita coisa boa. O cinema da Cultura Inglesa cumpria esse papel nos anos 1980. Hoje não temos o que ver. Não existe o espectro da diversidade do cinema mundial. Esse cinema que está em cartaz não me interessa. Os distribuidores de filmes europeus estão apavorados, eles não tem mais onde exibir os filmes.

Mas existe uma apatia do público de Brasília em relação a essa crise?

Existe, sim, e eu acho que ela piorou nos últimos anos. Esses governos todos liquidaram essa cidade. Acho até que o êxodo de jovens que, apesar de gostar de Brasília, estão morando em outras cidades, é uma resposta a essa mediocridade. Brasília está largada às traças, em todos os sentidos. Os últimos governos atrasaram a cidade em 20 anos.

Você está otimista com as mudanças na política local?

Estou otimista porque acho que pior não fica. Mas esse novo governo está se deparando com tal caos que noto, quando vejo tevê, uma certa perplexidade no rosto do Agnelo. É tanta coisa para resolver, em tantas áreas diferentes... As pessoas ligadas à cultura temem ser um pouco deixadas de lado. Não se pode desvincular cultura de educação, por exemplo. O Niemeyer tem uma frase ótima: se os engenheiros lessem mais filosofia, menos pontes cairiam.

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